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Cultura e integração como instrumentos de transformação social

CDM e Instituto Hahaha estimulam o lazer e a vida social e cultural da pessoa idosa, possibilitando a interação e o desenvolvimento em todas as suas relações e potencialidades


Por: Hellen Trindade Supervisora de Comunicação CDM


“O tempo não para”, já dizia o grande cantor e compositor Cazuza. A chegada aos 60 anos é o tempo de encarar uma etapa da vida com um novo olhar, valorizando os aspectos positivos do envelhecimento e desmistificando qualquer preconceito e desvalorização da pessoa idosa diante dos estigmas sociais enraizados na sociedade. E, para que esse tempo não pare, é preciso promover o acesso à educação, cultura, lazer e esporte, direitos previstos no Estatuto do Idoso - Art. 20. A pessoa idosa tem direito à educação, cultura, esporte, lazer, diversão, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022).


Aos 77 anos, pai e avô, José Patrocínio da Mata pinta panos de prato, uma paixão vinda de uma atividade realizada no projeto Saber Viver promovido pela CDM – Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana. A CDM, através desse projeto, trabalha diversas temáticas com os idosos da região do Barreiro, em Belo Horizonte, como o autoconhecimento, valores, habilidades e competências, saúde e bem-estar, organização e planejamento, educação financeira e mídias digitais.


“O que mais me chamou atenção no projeto foi quando eu precisei fazer uma pinturinha de algo que retratasse a vida da gente. Eu sempre tive vontade de pintar, mas não tinha tido nenhuma iniciativa, nunca pintei nada. O Saber Viver foi a inspiração que precisava para começar”, conta com entusiasmo o Sr. Patrocínio, como gosta de ser chamado. E ele não para. Atualmente, está fazendo curso de pintura e está aprendendo a tocar violão. “É uma forma de arejar a cabeça, não me sentir velho, incapaz, quero aprender mais, evoluir”.


Para Eudson Almeida, Educador Social da CDM e atual presidente do CMAS - Conselho Municipal de Assistência Social de Sete Lagoas, o impacto dessas ações está no valor da pessoa idosa a partir da identificação de suas potencialidades e habilidades. “É a possibilidade da troca, da energia positiva gerada a partir da construção e ampliação dos olhares proporcionados nestes ambientes. A força de reconhecer as histórias por trás de cada indivíduo, a riqueza e potência existentes em cada sorriso, brilho no olhar e na voz que ecoa o desejo de viver mais e melhor, enfim, uma contínua ação dos sujeitos inseridos no grupo”.


Também em Sete Lagoas, no Programa Próximo Passo, sob a gestão da CDM, a música tem sido a transformação na vida de muitas pessoas, como a da Marilander Geralda de Souza Moreira, mais conhecida como “Nan”, de 65 anos. Sempre muito presente e participativa, passou por todas as atividades ofertadas pelo programa. Dentro da estrutura do Próximo Passo há projetos complementares, dentre eles, o Artidade, direcionado ao público idoso. O foco desse projeto é a socialização por meio de oficinas de musicalização, incluindo a participação e contribuição comunitária, com oficinas de plantas alimentícias não convencionais.

A Nan participou regularmente das atividades desse projeto. “Quando me convidaram, eu falei que iria entrar para o canto e ficar só olhando, mas acabei me descobrindo. A música transforma muito, ela é um desabafo. A gente pode sair de casa de um jeito e voltar de outro. Se você está triste e abre a boca pra cantar, pronto, vai embora, esquece de tudo naquele momento, o coração fica a mil, eu amo”, confessou Nan, com brilhos nos olhos. Casada e mãe de duas filhas, ela é moradora do bairro Cidade de Deus, em Sete Lagoas, e contou como os projetos culturais são importantes para os moradores. “Eles nos transformam, tudo que vivi e vivo é conhecimento. O programa nos deu acesso a lugares que não imaginávamos conhecer, muita gente nem nunca tinha saído do bairro e pôde ir ao teatro, museu, cinema”.


Brincadeiras e diversão é para todas as idades


Os acessos à arte, cultura, lazer e cidadania para pessoa idosa devem ser iguais, mesmo em diferentes locais, condições e realidades, sejam em comunidades, bairros, Instituições de Longas Permanência para Idosos - ILPIs ou hospitais. E a cooperação para esse intuito não para. O Instituto Hahaha, por exemplo, busca favorecer, em especial, o acesso à cultura nas ILPIs e em hospitais, por meio da articulação e sensibilização sobre a importância da arte no fortalecimento e promoção da cidadania do idoso com restrição de convivência temporária ou permanente. Esse atendimento proporciona momentos de descontração e interação e reduz a ansiedade e a sensação de solidão geradas pelo distanciamento das famílias e ambientes sociais, além de promover o vínculo e o afeto com os idosos, por meio das intervenções artísticas.


“Em dez anos de trabalho, o que destaco é a capacidade de transformar vidas por meio da cultura. É como se o Instituto Hahaha levasse um número de espetáculo para cada pessoa que ele atende, uma enquete feita em tempo real e a partir do encontro com cada um. O que fica para mim é que todo paciente, em qualquer estado de saúde, tem o querer brincar dentro de si e o direito de brincar. É nessa portinha que o paciente abre, que embarcamos com eles e, nisso, está a mágica da palhaçaria profissional. Todo mundo tem dentro de si o querer rir, se divertir”, afirma Elen Couto, co-fundadora do Instituto Hahaha.

Desenvolvimento integral


O envelhecimento, atualmente, faz parte da realidade da maioria das sociedades, produzindo mudanças no perfil populacional e novos desafios com consequências diretas para o sistema de saúde pública. É da natureza humana e independente de raça ou gênero as pessoas envelhecem. Embora com variações de pessoa para pessoa, é um processo universal.


Por isso, destaca-se a importância de proporcionar à pessoa idosa oportunidades de ser, cada vez mais, protagonista de si mesma, possibilitando o aumento da autoestima, a humanização, a socialização e o fortalecimento de vínculos, contribuindo para o envelhecimento saudável.


“As ações que têm sido realizadas pelo Instituto Hahaha trazem leveza e confiança para as famílias. É um trabalho que tem beneficiado muito a recuperação dos pacientes. As ações humanizam o atendimento. A arte transforma e humaniza, e não só falando de pacientes, mas para os colaboradores envolvidos na ação, traz uma nova experiência, conexão e confiança. O sorriso e a alegria também são terapêuticos”, afirma Ana Carolina de Souza, presidente da Associação Paulo de Tarso, que desde 2018 é atendida pelo Hahaha.

Com a presença dos palhaços nos espaços, os pacientes ficam mais à vontade com o ambiente hospitalar, ficam mais ativos, mais colaborativos com os profissionais da saúde no tratamento. “O palhaço alimenta o lado saudável do paciente, injeta doses de arte e alegria! Neste retorno para o presencial, os palhaços estão se deparando com uma sociedade traumatizada, o que nos faz perceber que temos muito o que fazer! Para o público idoso acolhido em instituições, vemos o impacto do encontro, da escuta, da valorização da memória, por exemplo, quando se canta uma música e ativa momentos e histórias do idoso ou idosa, promovendo sensação de bem-estar e de reconhecimento de quem são e de suas vidas”, afirma Gyuliana Duarte, artista palhaça e co-fundadora do Instituto Hahaha.


Promover o desenvolvimento humano integral a partir das próprias potencialidades e engajar a pessoa na corresponsabilidade referente à mudança da realidade social onde vive faz parte dos projetos da CDM. Dessa forma, todas as vivências, encontros e oficinas são desenvolvidos para fortalecer o patrimônio humano, como reforça o educador Eudson: “os vínculos desenvolvidos e estreitados do indivíduo com o coletivo fazem da chama do pertencimento uma fonte perene de bem-estar social além de serem agentes de prevenção do adoecimento mental uns dos outros”.



Cooperação que não para

CDM

A CDM é uma organização sem fins econômicos que, há mais de 35 anos, realiza ações de planejamento; gestão; execução; e avaliação de programas e projetos sociais; de voluntariado corporativo; e de eficiência energética – todos alinhados às demandas e especificidades de cada cliente e localidade. Nos últimos dois anos, foram 30 projetos realizados e mais de 46 mil pessoas beneficiadas diretamente, dentre crianças, jovens e idosos.


Em alinhamento com a Agenda 2030 da ONU, os projetos da CDM atuam integral ou parcialmente em 11 dos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, contribuindo para as metas de acordo com a especificidade da atividade proposta, do público atendido e período de realização, além do engajamento e adesão das instituições locais.


Instituto Hahaha

O Instituto Hahaha é uma organização sociocultural da sociedade civil que promove a arte do palhaço em espaços de saúde e ambientes de vulnerabilidade social. Com a missão de colocar o riso a serviço da vida, busca garantir o direito e acesso à arte e à cultura para crianças, adolescentes, adultos, idosos, seus familiares, profissionais de saúde e equipe técnica das instituições atendidas.


O campo de atuação abrange três eixos: o programa de intervenções artísticas de palhaços profissionais em hospitais, Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas e Unidades de Acolhimento. A ampliação para o atendimento ao público idoso teve início em 2018 e, até o momento, foram atendidas 50.817 pessoas, entre pacientes, acompanhantes e corpo técnico. Dos atendimentos gerais para todos os públicos, o Instituto Hahaha acumula, desde 2012, mais de um milhão de pessoas atendidas.



Esse e outros conteúdos você encontra na 18ª edição da Revista Valor Compartilhado. Confira: Revista Valor Compartilhado.

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